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Arquitetos: Carlos Castanheira
- Ano: 2013
Descrição enviada pela equipe de projeto. Nasceu como A Régua em 1912. Em tempos gloriosos foi Teatro à italiana. Uma companhia amadora aí promovia a música lírica, convidava profissionais e organizava as suas próprias produções. Depois tornou-se cinema, adaptando-se na forma e no conteúdo aos novos tempos e às novas tecnologias. Também esta nova versão de ocupação teve o seu fim. Agora já não reunia as condições para receber espectadores, tal a degradação a que o deixaram chegar. Há oito anos chegou-me o convite para coordenar os projectos para o recuperar e dotá-lo de condições actuais. A ideia é que possa funcionar como pequena casa de espectáculos, pequenas produções; mas também como sala de conferências e de apoio ao Armazém 45 ali bem perto; e, finalmente, como sala de exposição do Vinho do Porto, agora também do Douro.
Pediram-me para parar, para aguardar até novas decisões. Passados oito anos estou de volta ao projecto. Já não é um objectivo único do IVDP - Instituto do Vinho do Douro e do Porto, mas agora é também um projecto da Câmara Municipal e do Museu do Douro, uma parceria. Entretanto a Câmara Municipal do Peso da Régua comprou um prédio em ruínas, contíguo, a sul, demoliu-o e a área resultante será espaço de expansão da exiguidade existente, pois o teatro é pequenino. Daí o nome de Teatrinho. O optimismo da primeira encomenda também mudou. Agora é solicitado um mínimo de intervenção e uma recuperação que não deite a perder o carácter que o Teatrinho ainda tem e que perdura na memória de muitos.
Pretende-se dotar o edifício das condições técnicas e de segurança que permitam a sua utilização por vários públicos e para várias actividades. A sala será restaurada e serão criadas as condições estruturais de segurança que não existem de momento, dado o péssimo estado do equipamento. O acesso será melhorado pois o existente, completamente destruído, não apresentava uma qualidade mínima que justificasse o seu restauro ou a sua reposição. Na cave, melhorada, serão instalados os sanitários e áreas técnicas.
A ampliação, a norte, incluirá espaços de circulação e os equipamentos de ar condicionado e dotará o volume de uma fachada, agora exposta desde poente. Na ampliação, a sul, ficarão os espaços de apoio às actividades de palco e o acesso dos artistas ou dos técnicos. A volumetria e a morfologia do Teatrinho serão recuperadas como se de um restauro se tratasse. Mas não será um restauro propriamente dito porque pouco há para restaurar. O que resta servirá apenas como modelo do que se pretende fazer.
O volume de ampliação que abraça o volume existente por dois lados pretende destacar-se deste pelos materiais de acabamento. Não só pelo contraste mas também pela hierarquia. Os materiais e cores existentes serão mantidos. O novo volume será coberto a ripado de madeira. Depois da intervenção, a memória colectiva não notará diferença. Pelo contrário, encontrará um Teatrinho que usará o seu grandioso nome por mais um século. Mais do que arquitectura pretende-se restituir a história, contra o abandono e a degradação a que tantas estruturas do género estão condenadas. Não será isto também Arquitectura?